Ku Hoe He’e Nalu

Os Polinésios enxergam o surf como sagrado, espiritual, a ligação do homem com os Deuses através do “He’e Nalu”, (He’e=deslizar e Nalu = onda) é esta a essência que acompanha o surf e sua cultura desde seu principio e é ela que esta no “core” de todos os esportes aquáticos que se utilizam do Surf como ponto de ação.

 Entretanto, a tradição Polinésia de Surf, nunca foi tão profunda em suas raízes, quando nos referimos ao “Ku Hoe He’e Nalu” (levanta-se, remar e surfar a onda), também conhecido como “Standup Paddle Surf” ou simplesmente SUP.

Seu aparecimento no ocidente é recente, porém, é um dos esportes mais antigos e tradicionais da ilhas Havaianas em conjunto com a própria canoa havaiana (canoa “outrigger”) que faz parte essencial na vida das civilizações do Oceano Pacífico a centenas de anos.

O renascimento do SUP, enquanto esporte popular, deve-se a busca do homem por ultrapassar limites e a procura do “perfeito” do “Mana” (energia), quem já remou em um Standup, sabe muito bem o que estou falando.

O SUP deve ser visto como uma modalidade a parte, um adjunto principal para qualquer surfista, hoje, Windsurfes e Big Rides o enxergam assim, nomes como Laird Hamilton, Dave Kalama, Gerry Lopes e muitos outros, extrapolam radicalidade, criam conceito e desenvolvem novos materiais e tecnologias, que por sua vez interferem diretamente no surf moderno.

No Brasil há exemplos de pioneirismo que fazem do SUP (o esporte aquático que mais cresce nas temporadas), dentre muitos profissionais, destaco os riders: Carlos Burle, Eraldo Gueiros, Rico de Souza, Hilton Alves, Rodrigo Resende, Picuruta Salazar e Phill Rajzman que no filme Surf Adventures II, apresentou o SUP de uma forma eclética, ou seja, parte do quiver de surf da trip do filme, uma visão sensacional do conjunto surf e diversão.

Tanto sucesso é devido ao SUP ser um esporte para todas as idades, que melhora o condicionamento físico e o equilíbrio humano, além da perspectiva única do mar e do litoral, que o surfista só tem quando surfa.

Duas categorias esportivas fazem do SUP um esporte perfeito, o Wave (Stand Up Surf) e a Travessia (Stand Up Crossing), dentre essas, a travessia tem o seu destaque, considerando a travessias por distância (ponto a ponto) ou por desbravamento, aventura e exploração, visto isso hoje na Europa, EUA e Austrália, 70% dos praticantes de SUP a praticam, no Hawaii é tradição o “Molokai to Oahu Paddleboard Race” competição de travessia de 32 milhas (57 Km) entre as duas ilhas em um canal chamado “ Kaiwi Channel”. Um dos mais perigosos do mundo.

Diversão é uma palavra chave do SUP, você sempre esta se divertindo remando, seja em ondas minúsculas, entrando em um rio ou uma lagoa, passeando com a família ou radicalizando em ondas de todos os tipos e tamanhos.

O desafio do SUP é até onde você quer chegar, sempre respeitando seus limites e da prancha, já que as mesmas variam de tamanhos pela modalidade que podem ser entre 8’ até 14’ pés. Para quem surfa de SUP existem alguns cuidados importantes a tomar como: Avisar aos surfistas ao seu redor a sua posição para evitar acidentes (evite sempre o “crowd”), também é importante um bom Leash de alta resistência, um bom remo evita lesões na coluna e nos ombros.

A Curva de Aprendizado é rápida, porém as “horas de vôo” são importantes para sua evolução como remador, o conhecimento do teu ponto de equilíbrio e posicionamento sobre a prancha são fundamentais para o sucesso do seu surf com o SUP.

O litoral do Brasil é propício ao SUP, além de ter uma bacia hidrográfica espetacular para a travessia e exploração, o legal é que você verá com bons olhos um mar flat e sem ondas.

Mahalo!
 
Flávio Ramalho
Texto feito para a Coluna SUPCULTURE da Revista Parafina (www.revistaparafina.com.br)
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