The SUPMAN – Laird Hamilton

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Texto feito para a Coluna SUPCULTURE da Revista Parafina (www.revistaparafina.com.br)
 
É Fato que o Ku Hoe He’e Nalu ou Standup Paddle  (SUP) resgata a origem do surf, oriundo da Polinésia ou podemos dizer também dos Peruanos com os seus “cavalos de Totora” e quem sabe e porque não? Nossos índios amazônicos fazem desta técnica ancestral um meio de transporte e pesca a centenas de anos.
Estudiosos afirmam que era o esporte do Rei Hawaiano, Kamehameha e sua rainha Ka’ahumanu quase trezentos anos atrás.
A pergunta é: Porque nestes últimos anos ele apareceu tão expressivamente, visto que, já existia no Hawaii como esporte oficial há mais de meio século?
As respostas a esta pergunta podem ser muitas, mas só uma reflete todas elas: Laird Hamilton.
Nestes últimos anos, ninguém se aprofundou tanto do espírito do surf quanto o Californiano naturalizado Hawaiano o “Waterman” Laird Hamilton, ele foi bem mais longe, com seus feitos, podemos dizer que revolucionou a maneira como vimos o Surf no planeta. Sua paixão especial ao SUP e sua devoção ao mar e ao esporte é tamanha, que influenciou uma legião de grandes surfistas como Rob Machado, kelly slater, Tom Carol, Tom Curren, Gerry Lopes… que utilizam do esporte para reforçar o equilíbrio e condicionamento físico e mental.
 
O Standup em ondas grandes é muito perigoso e por características culturais era restrito apenas aos “Black Trunks Hawaianos” que o praticam em ondas de 8 a 12 pés para mostrar respeito a natureza a sua cultura, porém, Laird ultrapassou seus próprios limites e mostrou ao mundo o que era visto como impossível tornava-se realidade em suas mãos, como pegar ondas de 20 pés em ou a tão quadrada onda de Teahupoo, sem contar, as longas travessias em mar aberto de 32 milhas (51.4 km) até cruzar da França para a Inglaterra pelo canal da mancha. Outros Watermans foram atrás dos desafios do SUP, então novos limites foram extrapolados, mas foi Laird Hamilton quem apostou em todas as possibilidades do esporte dos reis.
 
Laird, é um entusiasta de novas tecnologias e um estudioso da hidrodinâmica (estudo do escoamento dos fluidos) podemos dizer que é um professor pardal e juntamente com seu grande amigo Dave Kalama, aliado aos grandes nomes de Shapers da atualidade, a exemplo do seu pai adotivo Bill Hamilton (lenda do surf mundial), aperfeiçoou as pranchas e os materiais de diversas SUP Boards para diversos tipos de ondas.
 
Esta inovação de Laird Hamilton, fez com que o SUP tomasse forma em âmbito internacional, shapers hawaianos, californianos e australianos começaram a desenvolver seus próprios SUP Boards, baseados nas descobertas de novos materiais e na criação de novos “lines” cada um para um determinado fim especifico.
As grandes fábricas de pranchas de windsurf começaram a fabricar em série, visto que o porte destas pranchas são bem parecidos, não haveria muita adaptação nas fábricas, era uma grande oportunidade, note que o próprio Laird Hamilton é um grande windsurfista e um percussor do kitesurf, fato que vimos tantos adeptos destes esportes aderirem o SUP.
 
Porém os grandes “lines” presente no DNA dos Shapers hawaianos, devido aos anos de experiência na dinâmica deste tipo de prancha, faz com que os fabricantes de insumos e as grandes corporações do surf, também enxerguem a oportunidade, foi então uma questão de meses, para o SUP dominar o mundo e os surfistas que cultuam a cultura surf.
O resultado dessa evolução, foram diversos lines de pranchas, como:
 
• Travessia – Paddleboards de 12 a 15 pés para remadas de longas distâncias,
• SUP Guns – Paddleboards de 11 a 12 pés para ondas gigantes de 8 a 20 pés,
• Mini-SUPs – Paddleboards de 7 a 8 pés para manobras no crítico.
• SUP Híbridos – Paddleboards para Vento/Travessia ou Onda/ Travessia, tamanhos variados de 10 a 12 pés.
• Classic SUP – Paddleboards de 9 a 10 pés, boas em ondas bem pequenas ou surf mais de linha até 4 pés, 
• Wave SUP – Paddleboard  de 9 a 10 pés, o padrão, bom para ondas de até 6 pés a 8 pés.
 
A manufatura destes paddleboards variam muito, podem ser infláveis de borracha, madeira, isopor com epoxi, poliuretano com poliéster ou epoxi, polietileno, polypropylene, pranchas ocas de plástico, moldadas ou injetadas em PVC, uma verdadeira mescla de modelos e tipos para diversas categorias e modalidades, um mix jamais imaginado pelo próprio Laird Hamilton.
 
A imagem de SUPMAN de Laird foi à tona quando o mesmo, junto a Dave Kalama e Gerry Lopes (grande amigo) começaram a freqüentar Teahupoo de SUP, no intuito de conhecer seus limites, porém, a visão de Laird pedia mais e em um mar exclusivo para tow-in, insurfável no braço, com uma prancha construída para tal feito, Laird impressionou a comunidade do surf descendo diversas vezes ondas de até 12 pés sem cair uma única vez, usando apenas técnica e força. Seus feitos estão além de nossa humilde imaginação, os estudos de Laird agora estão focados em ondas de mais de 30 pés.
 
Podemos dizer que Laird Hamilton é o embaixador do SUP, ele continua fazendo o trabalho do incomparável Duke Kahanamoku que por volta de 1929 apresentou ao mundo o surf e suas modalidades, com remo e sem remo. Duke mostrou a raiz da cultura surf, esta alma está em todos os surfistas, mas poucos apresentam.
Em entrevista ao site dailystoke.com, o repórter perguntou a Hamilton o que ele estava surfando ultimamente, ele respondeu “- Na maioria das vezes, surfo de stand up paddle. Nos últimos sete ou oito anos, eu realmente não sei o que é deitar numa prancha, a menos que meu remo se quebre ou algo parecido.”, ou seja, é surf no core e ponto final, o que vale é a diversão. Esta é a verdadeira alma de um Waterman, o objetivo é encontrar o seu limite surfando sempre no que estiver a fim.
 
Mahalo!
 
Flávio Ramalho
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