STANDUP PADDLE DE TRAVESSIA

Texto feito para a Coluna SUPCULTURE da Revista Parafina (www.revistaparafina.com.br)


HISTÓRIA

A prática da navegação em pé, oriunda dos povos da antiguidade, deu origem diretamente a um dos esportes que mais cresce no planeta – o Standup Paddle (SUP), extremamente versátil sendo possível para todas as idades, podendo ser ultra-radical e perigoso ou bastante tranqüilo e seguro.
A navegação e o equilíbrio são as palavras chaves que mostram a estreita ligação do Standup Paddle com os povos da antiguidade, a exemplo disso:
Os Indígenas tupis e Guaranis em suas “Ubás”;
Os Peruanos com os seus “Caballos de Totora”;
Os Polinésios, detentores do mais simples e eficiente modelo de navegação já criado pelo homem a canoa havaiana, sendo estes os criadores do Ku Hoe, que hoje chamamos de Standup Paddle – usado como esporte pelo homem moderno.

Estes povos antigos saíam para pescar em suas pesadas embarcações de madeira, em pé e voltavam à praia “surfando as ondas”, ou seja, aproveitando as ondulações do oceano e usando o remo como uma quilha.
Estes povos passavam horas ao mar pescando e como eles conseguiam navegar remando distâncias incríveis sem desperdiçar tanta energia?
Isto era possível devido às técnicas de navegação de remada somado ao aproveitamento da energia da natureza como o vento e as correntes marítimas, deste modo eles podiam usufruir ao máximo para o seu trabalho de pesca.

SUP CROSS RACE
Atualmente essas técnicas vêm sendo utilizadas e aprimoradas no que hoje consideramos o “carro chefe” do Standup moderno ou a “formula 1” do surf, o “Standup Paddle Cross Race” também chamado no Brasil de “Corrida de Travessia”.

As Pranchas de SUP Cross Race são grandes e mais finas que os modelos tradicionais de Paddle Boards, o padrão internacional dessas pranchas de travessia são de 12 a 14 pés, porém, existem pranchas de 15 a 19 pés, usadas em travessias oceânicas.

Neste caso o uso dessas pranchas oceânicas em competição vai depender do regulamento da prova, por exemplo, o “I Red Bull SUP Cross Race” do Brasil em Garopaba – 18 km de percurso, somente eram permitidos pranchas até 13 pés. Esta limitação faz com que a competição fique mais equilibrada, abrindo um leque maior de participantes que podem usar suas Paddle Boards tradicionais.

AS PRANCHAS OCEÂNICAS
O desenho e a engenharia das pranchas oceânicas também mudam, elas possuem um fundo hidrodinâmico que lembra um casco de um barco, seu bico é pontudo que facilita o corte da água e são desenvolvidas para ter a menor condição de arrasto possível.
A sua única quilha serve como leme, devido a este design característico, algumas Paddle Boards possuem o “Steering system” que é um dispositivo que controla a quilha com os pés ou as pontas dos dedos. Este dispositivo mantém o atleta em sincronismo da remada em uma única posição, facilitando assim a movimentação da prancha durante a navegação. A posição do atleta é limitada ao centro gravitacional da prancha, que normalmente é mais fundo e acolchoado com um deck de EVA macio.
Uma prancha oceânica de 18 pés é um foguete, é incrível vê-las de “downwind” (a favor do vento), o movimento compassado das ondulações favorece a navegação da prancha numa velocidade incrível, é como estar pegando onda constantemente.
O atleta de travessia fica de pé da mesma forma que o SUPer tradicional, porém há técnicas que mudam a posição do atleta para este  aproveitar ou “orçar”o vento e assim pegar mais velocidade com a sua prancha. Os remos são os mesmos do SUP tradicional apenas podem ser um pouco maiores em tamanho (5/10 cm) para que o remador consiga “cavar” melhor a remada.

CUIDADOS
Mas deve-se ter muita cautela, a travessia oceânica é sempre acompanhada, o cuidado com as embarcações no mar é fundamental, nunca o faça em condições de risco, como mau tempo ou em zona de navegação de cargueiros e barcos. Sempre usar o “Leash”, há modelos especiais para travessia que são em espiral e evitam o arrasto.
A utilização de bússolas, GPS e rádios de comunicação é muito importante, pois garantem a integridade do atleta nas travessias oceânicas, pois, por muitas vezes não se vê mais a costa.
O remador deve se proteger contra o sol, pois, as queimaduras e insolações causadas pelo mar são graves, em qualquer tipo de travessia ou passeio faz-se o uso de protetor solar e roupas com proteção UV, estas confeccionadas com tecnologia de “Dri-Fit”, leves e que secam rápido, em águas geladas usa-se roupas de neoprene. O boné pala ou chapéu australiano aliados a um óculos polarizado garantem uma visão sem reflexos que não compromete a retina.
A desidratação é um fator que se deve evitar, nas travessias normalmente carrega-se a mochila de hidratação ou a garrafinha térmica, com água ou isotônicos, que são utilizados para a reposição de líquidos e sais minerais perdidos através do suor e durante a atividade física.

POR FIM

O Stand Up Crossing, tem o seu destaque no mundo, na Europa, EUA e Austrália, 70% dos praticantes de SUP a praticam, no Hawaii é tradição o “Molokai to Oahu Paddleboard Race” a competição de travessia de 32 milhas (57 Km) entre as duas ilhas em um canal chamado “ Kaiwi Channel”, sendo o mais perigosos da região.
São inúmeras as competições e festivais de travessias, sejam oceânicas, ponto a ponto ou uma maratona, elas sempre tem o envolvimento de atletas de renome internacional, como também de pessoas comuns, que por sua vez praticam por desporto ou por diversão, em lagos, lagoas, baias, sempre desbravando ou simplesmente passeando tranqüilo com a família e até por muitas vezes pescando.
Segundo os praticantes desta modalidade, o Stand-Up Paddle Cross é o que oferece o melhor e mais forte exercício físico, além da contemplação do oceano e das ondas a um nível que você jamais imaginou.
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