SUP Race a Nova Onda!

Publicado em 03/08/2011 – 21:34 por George Noronha Diário do Nordeste, Blog Manobra Radical.

Apoio: Flávio Ramalho

Alex Araújo, Flávio Ramalho e Wálter/Foto:Natinho Rodrigues

Na aventura radical dessa semana do Diário do Nordeste conhecemos um pouco sobre um esporte que vem crescendo bastante em número de adeptos, não somente no Ceará, mas também no mundo: o SUP, ou Stand up Paddle.

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E para nos apresentar os aspectos históricos deste esporte bem como nos mostrar como o SUP pode o mesmo tempo ser tranquilo, radical e perigoso convidamos o número 1 do ranking cearense e 6º no nacional, Alex Araújo, e alguns de seus amigos para uma travessia na bucólica Enseada do Mucuripe.

Quando o cearense Raimundo Fagner imortalizou as famosas “Velas do Mucuripe”, ele não poderia imaginar que o cenário de uma de suas canções mais conhecidas pudesse se tornar o paraíso para os descendentes de antigos reis de ilhas longínquas chamadas de polinésia.

Diariamente, Alex Araújo e seus amigos podem ser vistos fazendo a travessia entre as Praias do Mucuripe e de Iracema, treinando para as competições. Paulista radicado cearense, hoje, Alex defende a bandeira do estado nas principais competições de SUP pelo Brasil. Recentemente ele ficou na segunda colocação de uma importante prova realizada nas águas do Rio São Francisco, mas afirma que seu foco principal é vencer a etapa do Circuito Brasileiro que será realizada no Ceará em agosto e a partir daí iniciar a caminhada rumo ao título brasileiro de Stan up Paddle 2011.

Ao contrário do que muita gente pensa, o SUP não é um esporte restrito ao mar. Segundo o campeão, tanto ele quanto os amigos estão preparados para enfrentar travessias de longa distância, que podem acontecer no mar, rios, lagos e lagoas. Como sua modalidade, a RACE, também exige explosão e velocidade, Alex precisa estar sempre em forma:

“Gosto de treinar com os meninos porque eles trabalham muito forte o treino de longas distâncias. Assim, posso combinar meus exercícios de explosão com a disciplina das maratonas, as duas principais características da modalidade que eu costumo competir”, declarou Alex que completa fazendo elogios ao seu local de treinos”: “Até hoje, nunca vi um local mais bonito par se treinar. Ver o por do sol do Mucuripe é mais um motivo que me leva para os treinos diários”, declara Alex assumindo o amor que tem pelo estado.

Outro que tem treinado forte nos últimos meses é Flávio Ramalho, Presidente da Associação de SUP do Estado do Ceará. Recém recuperado de lesão, Flavinho tem concentrado seus treinos em travessias diárias que variam entre 12 e 15 quilômetros. Um de seus planos é promover uma confraternização e fazer a primeira travessia entre as praias do Mucuripe e da Taíba, um desafio e tanto:

“Nosso projeto é realizar, ainda nesse semestre, uma competição onde os atletas partirão de Fortaleza e irão até a Praia da Taíba. Assim estaremos personificando a verdadeira essência do SUP que é a integração com a natureza combinada com o espírito desbravador que faz parte do esporte desde sua criação há milhares de anos atrás”, declara Flávio.

Para Wálter, que faz parte do grupo e também está sempre participando dos treinos, o SUP é o esporte mais eclético que pode existir. Segundo ele, o praticante pode tanto se prepara para as competições em alto rendimento, como pode também usar o esporte apenas para contemplação, algo que se aproxima muito de uma terapia e completa sua análise com uma celebra frase: “Navegar é preciso”.

HISTÓRIA E CULTURA DO SUP

A história do Standup Paddle, também conhecido como SUP, remonta as origens dos povos da antiguidade e de suas práticas de navegação em pé. Apesar do grande crescimento do esporte nos últimos anos, o SUP tem suas origens em povos bem antigos. E quando se fala de SUP, navegação e equilíbrio são as palavras chaves, desde suas épocas mais remotas. Por exemplo: as tribos indígenas de origem Tupi e Guarani navegavam e pescavam nos rios em suas “Ubás”, estreitas canoas que eles se equilibravam para se deslocar entre os igarapés e estuários dos rios; Os Peruanos utilizavam artefatos que até hoje podem ser vistos em muitas de suas praias chamados de “Caballos de Totora”; Entretanto, foram os Polinésios, detentores do mais simples e eficiente modelo de navegação já criado pelo homem, a canoa havaiana, que criaram o Ku Hoe, o ancestral do que viria a se tornar o SUP moderno.

Os antigos polinésios saíam para pescar em suas pesadas embarcações de madeira e naturalmente, aproveitavam a energia das ondas para voltar à praia mais rápido surfando as ondulações do oceano e usando o remo como uma quilha. Estes povos passavam horas ao mar percorrendo muitas vezes dezenas de quilômetros para garantir o “peixe de cada dia”. Você pode estar se perguntando como estes povos conseguiam fazer isso com materiais e técnicas tão rudimentares. Isto era possível devido às técnicas de navegação de remada somado ao aproveitamento da energia da natureza como o vento e as correntes marítimas e as próprias marolas do alto mar. Apesar de rudimentares essas técnicas eram bem eficientes e possibilitaram aos polinésios que eles usufruíssem ao máximo a força de seu trabalho na pesca.

Desde estes tempos remotos a extrema versatilidade do SUP tem conquistado praticantes nos quatro cantos do planeta. Por combinar em um mesmo esporte radicalidade com tranquilidade e segurança o SUP tem atraído adeptos nos quatro cantos do mundo últimos anos.

Para entender melhor como um esporte pode ser radical e tranquilo ao mesmo tempo, é preciso compreeder as diferentes modalidades do SUP e as características que as diferencia umas das outras.

SUP CROSS RACE

Atualmente essas técnicas vêm sendo utilizada e aprimorada no que hoje é considerada a “Fórmula 1” do surf, o “Standup Paddle Cross Race”, também chamado no Brasil de “Corrida de Travessia”. As Pranchas de SUP Cross Race são grandes e mais finas que os modelos tradicionais de Paddle Boards. O padrão internacional dessas pranchas de travessia são de 12 a 14 pés, porém, existem pranchas de 15 a 19 pés, usadas em travessias oceânicas. Neste caso o uso dessas pranchas oceânicas em competição vai depender do regulamento da prova que pode limitar seu tamanho. Esta limitação faz com que as competições fiquem mais equilibradas, abrindo um leque maior de participantes que podem usar suas Paddle Boards tradicionais.

PRANCHAS OCEÂNICAS

O desenho e a engenharia das pranchas oceânicas também são bem peculiares. Elas possuem um fundo hidrodinâmico que lembra um casco de um barco. Seu bico é pontudo, o que facilita o corte da água e são desenvolvidas para ter a menor condição de arrasto possível. Sua quilha única serve como leme e devido a este design característico, algumas Paddle Boards possuem o “Steering System” que é um dispositivo que controla a quilha com os pés ou as pontas dos dedos. Este dispositivo mantém o atleta em sincronismo da remada em uma única posição, facilitando assim a movimentação da prancha durante a navegação. A posição do atleta é limitada ao centro gravitacional da prancha, que normalmente é mais fundo e acolchoado com um deck de EVA macio. Uma prancha oceânica de 18 pés é um verdadeiro foguete. É incrível vê-las em “downwind” (a favor do vento). O movimento compassado das ondulações favorece a navegação da prancha numa velocidade impressionante. É como estar pegando uma onda sem fim. O atleta de travessia fica de pé da mesma forma que o SUPer tradicional, porém, há técnicas que mudam a posição do atleta para este  aproveitar ou “orçar”o vento e assim pegar mais velocidade com a sua prancha. Os remos são os mesmos do SUP tradicional apenas podem ser um pouco maiores em tamanho (5/10 cm) para que o remador consiga “cavar” melhor a remada.

CUIDADOS

Deve-se ter muita cautela nessa modalidade. A travessia oceânica deve ser sempre acompanhada. O cuidado com as embarcações no mar é fundamental e nunca se deve partir em uma travessia em condições de risco, como mau tempo ou em zona de navegação de cargueiros e barcos. Outra precaução é sempre usar o “Leash”, aquela cordinha que prende a prancha ao corpo do atleta. Há modelos especiais para travessia que são em espiral e evitam o arrasto. A utilização de bússolas, GPS e rádios de comunicação é muito importante, pois, garantem a integridade do atleta nas travessias oceânicas, já que por muitas vezes, não é possível avistar a costa. Outro cuidado que não deve ser negligenciado é a proteção contra os efeitos nocivos do sol, pois, as queimaduras e insolações causadas pelo grande tempo de exposição ao sol e ao mar são graves. Em qualquer tipo de travessia ou passeio deve-se fazer o uso de protetor solar e roupas com proteção UV, estas confeccionadas com tecnologia de “Dri-Fit”, leves e que secam rápida. Em águas geladas usa-se roupas de neoprene. O boné pala ou chapéu australiano aliados a um óculos polarizado garantem uma visão sem reflexos que protegem a retina do praticante. A desidratação é outro fator que se deve evitar. Nas travessias normalmente carrega-se a mochila de hidratação ou a garrafinha térmica, com água ou isotônicos, que são utilizados para a reposição de líquidos e sais minerais perdidos através do suor e durante a atividade física.

Stand Up Crossing

É a modalidade mais difundida no mundo, principalmente na Europa, EUA e Austrália. Estima-se que 70% dos praticantes de SUP estão nessa modalidade. No Havaí o “Molokai to Oahu Paddleboard Race” é a competição mais tradicional do SUP. A competição consiste da travessia de 32 milhas (57 Km) entre as ilhas de Molokai e Oahu através de um canal chamado “ Kauai Channel”, sendo o mais perigosos da região.

SUP pelo mundo

São inúmeras as competições e festivais de travessias, sejam oceânicas, ponto a ponto ou maratona que rolam pelo mundo. Elas sempre tem o envolvimento de atletas de renome internacional, como também de pessoas comuns, que por sua vez praticam por desporto ou por diversão seja em lagos, lagoas, baías, sempre desbravando ou simplesmente passeando tranquilo com a família e até por muitas vezes pescando. Segundo os praticantes desta modalidade, o Stand-Up Paddle Cross é o que oferece o melhor e mais forte exercício físico, além da incrível experiência de contemplação do oceano e das ondas a um nível que você jamais imaginou.


Alex atualmente é o nº 1 do SUP Cearense/Foto Natinho Rodrigues

Alex treina sistematicamente na Enseada do Mucuripe/Foto:Natinho Rodrigues

Alex é o atual 6º colocado no rankin brasileiro da modalidade/Foto:Natinho Rodrigues

O visual entre as jangadas e barcos da Enseada do Mucuripe é alucinante/Foto:Natinho Rodrigues

As velas do Mucuripe/Foto:Natinho Rodrigues

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Alex Araújo, Wálter e Noronha na Enseada do Mucuripe/Foto:Natinho Rodrigues

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