JORNAL O POVO – Como os nossos antepassados

STANDUP PADDLE – Como os nossos antepassados

Por Mariana Penaforte
marianapenaforte@opovo.com.br

Flávio e Beto Percusores

O Stand Up Paddle remete ao princípio da navegação humana e tem ganhado adeptos nos mares cearenses. A modalidade ajuda a manter o físico em dia e, de quebra, combate o stress.

Uma modalidade de surfe praticada em pé, de pranchão e remo, que atrai olhares curiosos. Falando assim, esse esporte pode até parecer algo novo, mas não é. A história do Stand Up Paddle, modalidade de surf que vem ganhando o seu lugar nos mares cearenses, se confunde com a história da navegação humana.

O Stand Up Paddle é um esporte versátil, que permite variações na sua prática. O surfista pode alternar remadas em águas calmas com a adrenalina de pegar ondas grandes e mais agressivas.

Há divergências quanto à sua origem. Uns dizem o esporte se originou no Peru, com os pescadores, outros afirmam que foi no Havaí. Foi desse tipo de prática, em tábuas de madeira com a ajuda de remo, que o surfe tradicional se utilizou até chegar a seu formato popular, como é conhecido hoje.

O SUP, como é chamado pelos esportistas, vem ganhando adeptos aos poucos no Estado. Um deles é Flávio Ramalho, funcionário público e pioneiro do esporte no Ceará. A identificação com a prática foi tamanha que ele resolveu ser representante de uma empresa em Fortaleza que importa os pranchões – ou paddleboards – feitos no Havaí.

Flávio surfa há 25 anos em todos os estilos, e fala sobre a sua descoberta do SUP, há quase três anos: “O meu caminho foi traçado por diversas modalidades de surfe, então foi mais do que natural eu correr atrás do pai de todas estas modalidades”, diz.

Fortaleza é considerada um dos pontos ideais para a prática do esporte, que exige um mar mais calmo, devido ao uso do remo. Abril, maio e junho são os meses mais indicados para quem quer começar a praticar o SUP. A prancha ideal para essa modalidade é mais grossa e mais larga que a tradicional, medindo de 10 à 12 pés (entre cinco e seis metros) e se utilizando de um strep (cordão que liga o surfista à prancha) mais grosso também do que o habitual.

Benefícios
Sobre os benefícios do esporte para a saúde, o educador físico Walter Cortez fez uma aula teste e monitorou a si mesmo com um aparelho que lhe permitiu medir sua frequência cardíaca. Quase 50 minutos monitorados de remadas contínuas em um mar calmo o fizeram gastar cerca de 360 calorias. “Como professor de educação física digo que o esporte quase não tem restrições. Dá para dosar o nível de esforço e adaptar às necessidades de cada um”, afirma.

Para Beto Costa, que dá aulas de SUP desde 2008, o esporte é indicado para quase todas as idades. “De sete a setenta anos”, ele brinca. O administrador de empresas André Altmann apaixonou-se pelo esporte no início do ano passado e já adquiriu seis pranchas desde então. André levou a família e os amigos no embalo. A esposa e a filha de seis anos também curtem as remadas.

O administrador pratica hoje o SUP diariamente, de manhã cedo. Para ele, a prática é “desestressante, relaxante e ótima para a cabeça”.

E-MAIS
> As pranchas para a prática do Stand Up Paddle não são das mais baratas. Os preços podem variar de R$ 2.800 a R$ 4.500, dependendo do tamanho e qualidade do material.
> Segundo Flávio Ramalho, pioneiro do esporte no Ceará, os lugares mais indicadas para iniciantes são: Lagoa da Precabura, Baía do Iguape, Beira Mar em frente ao Jardim Japonês e Mucuripe e Lagoa da Sabiaguaba.
> A Praia do Futuro não é indicada para quem não tem experiência no esporte, pois o mar é mais agitado.
> O professor de educação física Walter Cortez e Flávio Ramalho pretendem criar uma associação do SUP no Ceará.
> Walter diz que os músculos mais trabalhos no esporte são os da região “core”, que envolve a musculatura média do corpo – abdominais laterais, anteriores e músculos lombares.
> Flávio participou do campeonato Red Bull Paddle Cross em 2009, quando percorreu 18 quilômetros remando em sua paddleboard. Foi o único nordestino a completar a travessia, que teve muitas desistências, devido ao vento forte.
> A opção para quem pretende iniciar na prática é a escolinha Paddle Club. Informações: 9985 5062.

O esporte é uma prática que vem da antiga Polinésia. Os pescadores tinham o costume de voltar para casa no barco, em pé, remando, ao invés de sentados, para aumentar a velocidade. Com o tempo a prática foi se modernizando até virar o esporte que ganha os mares cearenses.

> SENTINDO A ONDA.
A repórter Mariana Penaforte se aventurou nas remadas no Stand Up Paddle para entender melhor o esporte. O batismo aconteceu nas tranquilas águas da enseada entre a Ponte Metálica e o primeiro espigão da Beira Mar. Após leve vertigem, pegou logo o jeito.


Fui convidada por Flávio Ramalho para ser “batizada” no Stand Up Paddle. O “batismo”, como os praticantes dizem, é a iniciação com o esporte.

Chegamos, eu e o repórter-fotográfico Igor de Melo ao lugar escolhido para as primeiras remadas: a bela enseada entre a Ponte Metálica e o primeiro espigão da Beira Mar. Minha experiência com surfe se resumia a algumas aulas, que tomei de brincadeira com duas amigas, então estava um pouco nervosa. Mas o nervosismo se desfez rapidamente. O SUP é um esporte impressionantemente tranquilo.

Após algumas instruções na areia com a prancha gigante e o remo, entramos na água. Antes de tentar me equilibrar na prancha, testei algumas remadas de joelho, o que foi tranquilo. Ao ficar em pé, de cara veio uma leve vertigem. Me desequilibrei e cai umas duas vezes. Mas logo peguei o jeito.

Depois disso, consegui passar uns vinte minutos remando e me esforcei para relaxar e olhar para o horizonte. O SUP é um esporte extremamente visual, principalmente quando você consegue relaxar e parar de olhar para os próprios pés. As remadas exigem mais habilidade do que esforço, e a sensação que tive foi que poderia passar horas remando de pé naquela prancha. Depois do trabalho feito, o Igor também foi “batizado”.

Ah, e para a informação e alegria das meninas: no outro dia acordei com a mesma sensação de ter passado duas horas malhando na academia!

Mariana Penaforte. Estagiária do Núcleo de Negócios do O POVO

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